Laurentino Gomes |
Laurentino Gomes é o autor de “1808” e “1822”,livros de sucesso
entre estudantes,que buscam maiores informações sobre história.Eu li o livro e
,particularmente,ele foi de grande auxílio no colégio,pois,quando a professora
discutiu o tema em sala de aula,eu já apresentava uma boa ideia sobre a vinda
do rei para o Brasil.Porém,vamos à entrevista:
Perfil do autor
Paranaense de Maringá, Laurentino Gomes é quatro vezes ganhador do
Prêmio Jabuti de Literatura com os livros 1808,
sobre a fuga da família real portuguesa para o Rio de Janeiro, e 1822, sobre a Independência do
Brasil. Somados, os dois livros venderam mais de 1,5 milhão de exemplares e
permaneceram cinco anos na lista das obras mais vendidos em Portugal e no
Brasil. Sua obra também foi eleita o Melhor Ensaio de 2008 pela Academia Brasileira
de Letras. Formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Paraná, tem
pós-graduação em Administração na Universidade de São Paulo. É membro titular
do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e da Academia Paranaense de
Letras.Veja abaixo a entrevista na integra:
Clube do Livro: 1-) De onde veio a inspiração para escrever o livro?
Laurentino Gomes: O livro 1808 nasceu
de uma reportagem que eu faria para a revista Veja e que nunca chegou a ser
publicada. Em 2007, recebi do diretor da revista, onde eu trabalhava, a missão
de preparar uma edição especial sobre 1808 e a vinda da família real portuguesa
para o Brasil. Depois de algum tempo, o projeto foi cancelado pela revista e
decidi seguir adiante por minha própria conta, publicando um livro assunto. Meu
segundo livro, 1822, é uma consequência óbvia e natural do
primeiro. É quase impossível entender o processo de independência do Brasil sem
estudar o que aconteceu no país nos quatorze anos anteriores. A chegada da
corte de D. João ao Rio de Janeiro, em 1808, deu início ao mais profundo e
acelerado processo de mudança na história brasileira. No espaço de apenas uma década
e meia, a antiga colônia portuguesa, até então isolada, analfabeta e proibida,
pavimentou o seu caminho para a independência. O Grito do Ipiranga foi
resultado direto da permanência da corte de D. João no Rio de Janeiro, durante
a qual o Brasil, entre outros benefícios, foi promovido ao status de Reino
Unido com Portugal. Portanto, pode-se dizer que 1822 é uma continuação da
história iniciada em 1808. É como se fosse um mesmo livro em dois volumes.
Clube do Livro: 2 -) Segundo o "Guia do Estudante",seu livro "
1808" é recomendado para complementar os estudos relacionados à História
do Brasil.Na sua opinião,qual a importância disto?
Laurentino Gomes: Nunca imaginei
que livros de História do Brasil pudessem ter uma repercussão tão
grande. Ainda hoje me surpreendo com a reação dos leitores. Eles me
enviam dezenas de mensagens todos os dias, sugerem temas para novos livros,
pedem que eu não pare de escrever. Fico muito feliz ao observar esse tipo de
reação ao meu trabalho, especialmente quando vem de estudantes adolescentes que
estão descobrindo o prazer de estudar História. É, portanto, uma missão que me
cabe, como jornalista e escritor, de ajudar as novas gerações a entender um
pouco melhor este nosso Brasil pelo foco da História.
Clube do Livro: 3-) Para elaborar um livro histórico,há a necessidade de muito
tempo de estudo e pesquisa. Quanto tempo e quais fontes você utilizou em
seus livros?
Laurentino Gomes: Minha
contribuição ao estudo da História do Brasil é de linguagem. Na pesquisa dos
meus livros, eu uso a técnica da reportagem, mas tomo sempre como referência as
fontes acadêmicas autorizadas. Leio centenas de livros e outras fontes de
referências, como cartas e documentos oficiais. Também visito os locais em que
as coisas aconteceram para observar como estão hoje. Procuro observar os
acontecimentos e personagens sob a ótima do jornalismo. O texto é sempre
construído com base nas lições que a literatura ensina para capturar e encantar
os leitores. Portanto, minha fórmula combina jornalismo e literatura. Um bom
escritor precisa ter a habilidade de escolher as palavras para contar uma
estória ou transmitir uma ideia. Procuro usar elementos pitorescos da história
para atrair a atenção do leitor. Isso explica, por exemplo, os subtítulos dos
dois livros. Esse recurso bem humorado é usado com o propósito de provocar o
interesse do leitor, como se faz, por exemplo, num título de capa de revista ou
numa manchete de jornal.
Clube do Livro: 4-)Em sua opinião, como a popularização da história do Brasil,
através de livros coo 1808 e 1822 pode ajudar no desenvolvimento cultural da
população?
Laurentino Gomes: Conhecer
História ajuda a entender o Brasil de hoje. Uma sociedade que não estuda
História não consegue entender a si própria porque desconhece as razões que a
trouxeram até aqui. E, se não consegue entender a si mesma, provavelmente
também não estará preparada para construir o futuro de forma organizada e
estrutura. Para compreender o Brasil de hoje é importante ler e refletir,
por exemplo, sobre a vinda da corte de D. João para o Rio de Janeiro e a
influência decisiva que esse acontecimento teve na Independência em 1822. Quase
todas as nossas características nacionais já estavam presentes nessa época,
incluindo os nossos defeitos e virtudes – como a corrupção, a promiscuidade
entre negócios públicos e privados, mas também a capacidade de manter o
território nacional unido e superar dificuldades que, em alguns momentos,
pareciam intransponíveis. Por isso, vejo com grande alegria a presença de
tantos livros de história nas listas de best-sellers. O estudo de História é
fundamental para a construção do Brasil dos nossos sonhos.
Laurentino Gomes: Antes de virar
escritor trabalhei como repórter e editor de jornais e revistas por mais
de três décadas. No Jornalismo sempre gostei muito da editoria de Geral. É a
área das redações menos especializada do que, por exemplo, a de Economia ou a
de Política, mas a que permite ao repórter ou a editor tratar de assuntos muito
variados. A pauta da editora de Geral é a mais ampla possível. Inclui educação,
saúde, ciência, turismo, comportamento, cidades e, é claro, História. Como
jornalista, publiquei muitas matérias sobre História. Essa foi sempre a grande
paixão paralela na minha vida. Sempre li muito sobre o tema. Em 2007, o que era
hobby virou uma atividade profissional depois que decidi lançar o livro 2008.
Isso mudou profundamente a minha vida. E estou muito feliz com essa mudança.
Clube do livro: 6-) Como é trabalhar como escritor?
Clube do livro: 6-) Como é trabalhar como escritor?
Laurentino Gomes: Para mim é uma grande honra ser um escritor reconhecido no Brasil. Ainda hoje me surpreendo com a reação dos leitores. Recebo dezenas de e-mails quase que diariamente, na qual eles fazem comentários sobre o meu trabalho, sugerem temas para futuros livros e, principalmente, pedem que eu não pare de escrever. Sou um escritor que gosta de “botar o pé na estrada”, visitar livrarias, fazer sessões de autógrafos, participar de feiras literárias, dar aulas e palestras em escolas e outras instituições. Desde o lançamento do 1808 já percorri cerca de 150 cidades e visitei praticamente todos os Estados – alguns deles várias vezes. Já devo ter dado mais de dez mil autógrafos em centenas de eventos em todas as regiões do Brasil. Mas nada se compara ao contato com estudantes crianças e adolescentes, que geralmente ocorre quando sou convidado para dar aulas ou palestras em escolas. Saio sempre renovado desses encontros. Eles me levam para autografar aqueles cadernos ilustrados com abelhinhas, ursinhos e coisas parecidas. Pedem que eu escreva nos seus cadernos de lição de casa. Pedem para tirar fotos com o celular e, em seguida, colocam no Facebook e no Twitter. Alguns viram meus amigos virtuais e passam a divulgar nas redes sociais a minha agenda de eventos. E também me dizem coisas curiosas, como, “antes eu não gostava de História, mas por sua causa passei a gostar”. Ou, então, revelam que, depois de ler os meus livros, decidiram ser historiadores, jornalistas ou escritores. Nessas ocasiões eu percebo que o meu trabalho tem um impacto decisivo em decisões que essa garotada está tomando na vida. E isso me gratifica muito.
Clube do Livro: 7-) Você pretende lançar algum outro livro em 2013?
Laurentino Gomes: Atualmente estou
morando nos Estados Unidos, às voltas com a pesquisa desse próximo
livro, 1889, sobre os anos finais do Segundo Reinado e a
Proclamação da República. O plano é lança-lo em 2013, provavelmente em
setembro durante a Bienal Internacional do Rio de Janeiro. Essa é uma ideia que
foi ganhando corpo desde o lançamento do meu primeiro livro. O objetivo é
fechar uma trilogia com datas que explicam a construção do Brasil durante o
século XIX, ou seja, 1808, ano chegada da corte de D. João ao Rio de Janeiro,
depois 1822, data da Independência, e por fim 1889, que marca da proclamação da
República. O estudo dessas três datas é fundamental para entender o Brasil de
hoje. Pretendo também me manter fiel à fórmula que consagrou as duas obras
anteriores, ou seja, pesquisa profundada aliada a uma linguagem jornalística
acessível, fácil de entender. Ninguém precisa sofrer para estudar História do
Brasil.
Clube do livro: 8-) Em sua opinião, os livros modificarão o Brasil?
Laurentino Gomes: Livros são
instrumentos de grande transformação, mas no Brasil ainda temos vários
obstáculos a superar nessa área. O primeiro está obviamente relacionado à
herança familiar, ao nível de escolaridade e de renda. O brasileiro lê pouco
porque frequentou a escola menos do que deveria e também porque, em geral,
nunca viu pai e mãe com um livro nas mãos quando era criança. O hábito da
leitura nasce primeiro em casa e, depois, na escola. São esses os alicerces
formadores de um país de leitores. Além disso, livro no Brasil, apesar de todos
os esforços feitos em programas governamentais junto com o mercado editorial,
ainda é um objeto caro comparado, por exemplo, com o preço praticado na Europa
ou nos Estados Unidos. O preço alto é resultado de um problema de escala.
Editores e livreiros não conseguem praticar preços melhores com volumes de
tiragens tão reduzidos. Os programas governamentais de distribuição de livros
nas escolas ajudam a formar futuros leitores, mas não resolvem o problema do
mercado de interesse geral neste momento. Além disso, precisamos levar em conta
as mudanças na tecnologia. Os jovens estão trocando os livros, revistas e
jornais em papel por outros meios digitais de informação, cultura e
entretenimento. Poucas atividades humanas tem sofrido impacto tão profundo das
novas tecnologias quando o mercado editorial. Mas acho também que precisamos
ter um pouco de paciência. Os níveis de escolaridade e renda vem aumentando no
Brasil de forma significativa. Novos formatos digitais, como os e-books e os e-readers,
começam oferecer opções atraentes e até mais baratas ao livro em papel. Tudo
isso, no longo prazo, certamente terá impacto positivo nos índices de leitura
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